Salsicha, quando ainda não se chamava assim, tinha um dono e uma casa. Segundo os vizinhos, o cachorro nunca teve a atenção necessária, como os cuidados previstos por uma posse responsável. Mas, mesmo assim, tinha onde morar.
“Um certo dia, a família que se dizia dona dele, se mudou de casa e o deixou. No quintal, sobrou um velho sofá e era ali que o Salsicha ficava dia e noite, esperando que alguém voltasse para levá-lo junto”, conta a modelista aposentada Maria Gomes. Passaram dias, semanas até que veio o frio, as chuvas e o cachorro, ali, sem um teto e sem entender a situação em que se encontrava, começou a adoecer, mesmo depois de ganhar uma casinha de madeira doada por protetores.
“Mas ainda assim não era o suficiente. O Salsicha já estava com pneumonia. Então, resolvemos levá-lo para minha casa, onde está até hoje esperando ser adotado”, conta Maria.
Esta é mais uma das muitas histórias que se repete pelas ruas da cidade. Porém, neste caso, é possível dizer que o vira lata Salsicha teve sorte, porque ao contrário da maioria dos animais que são abandonados, este encontrou protetores dispostos a resgatá-lo.
“Um cão na rua é um animal em risco. Além dele estar passando fome, frio, sede, ele pode ser um transmissor de doenças como raiva”, diz o médico veterinário do Vigilância Sanitária Mario Ramos.
“Não é raro encontrarmos um animal errante em sofrimento”, conta. Isso porque, muitos proprietários irresponsáveis acabam abandonando o pet em via pública justamente quando o animal adoece e precisaria de mais cuidados. “A pessoa diz que não tem dinheiro pra pagar veterinário e, por isso, abandona”, lamenta.
É crime/ Qualquer pessoa que anda pelas ruas de Bauru, constata facilmente que o abandono de animais é um caso comum na cidade tamanha é a quantidade de gatos e cachorros errantes pelas vias públicas.
O delegado titular do DP de Crimes Ambientais, Dinair José da Silva, avisa que abandono de animal é crime previsto em lei. Mudar de residência e deixar o animal para trás também é.
É configurado como maus-tratos, no artigo 32, da a Lei Federal nº 9605/98. A pena prevista varia em três meses a um ano de detenção e multa.
“Além dos perigos que um bicho corre abandonado à própria sorte - como fome, frio e risco de ser atropelado -, ele também fica sem ver o dono, ao qual ele criou um sentimento e, por isso, pode até ficar sem comer”, avalia o delegado.
Segundo Dinair, as denúncias que chegam até à delegacia são checadas e, quando comprovadas, os animais são encaminhados a ONGs e protetores.
Ele ressalta ainda que além do infrator ser julgado por maus-tratos, caso o animal venha a morder alguém, por exemplo, ele terá de responder também por reparos de danos à vítima.
Hoje em dia, o Centro de Controle de Zoonoses conta com mais de 2 mil animais resgastados das ruas e têm realizado constantemente feiras de adoção para conseguir diminuir esta população.
Toda pessoa que for adquirir um animal precisa estar apto a praticar uma posse responsável que é estar ciente do tempo de vida do animal e sanar suas todas as necessidades como alimentação, espaço físico, cuidados com saúde e higiene, entre outros fatores.
Quando realmente não for possível mais ficar com o pet em casa, o dono pode buscar o próprio CCZ, ONGs ou tentar encontrar alguém disposto e com condições de adotar o bicho de estimação. Abandoná-lo na rua, como uma mercadoria ou algo que já não presta mais, é crueldade e dá cadeia.
Quando o animal errante é recolhido pelo CCZ, em casos em que não houve abandono ou maus tratos e sim a perda do animal por algum outro motivo, o responsável tem o prazo de cinco dias para retirá-lo, sem que o mesmo possa ser disponibilizado para adoção, o que não impede a busca pelo animal no CCZ após esse prazo, entretanto, sem que haja a garantia de que o animal continue disponível no órgão, esclarece a Divisão de Vigilância Ambiental.
Lhasa apso morreu de fome
Em janeiro, um casal em Bauru viajou e deixou a cadela Lilica sozinha em casa sem assistência, que acabou morrendo de fome. O casal foi autuado por maus tratos
1,448
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Até boi e cavalo
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Relento e negligência prejudicaram Salsicha
Por ter ficado tanto tempo ao relento, Salsicha acabou tendo sérias complicações de saúde. A aposentada Maria que o acolheu, cuida de outros 20 animais recolhidos das ruas e está com uma conta gorda no veterinário para arcar com as despesas do vira lata. 'Cuidamos da pneumonia, ele ficou bom. Demos vacina, vermífugo, coleira contra pulga e carrapato. Passado um tempo, desenvolveu um fungo e seus pelos começaram a cair e daí descobrimos também que estava com a doença do carrapato', lista. 'Agora, ele está em tratamento, já gastamos quase mil reais com veterinário. Ele está se recuperando muito bem, é um cão novo e forte', completa. Apesar de ser dócil e brincalhão, ele já figura há mais de dois meses nas listas de adoção e até agora não encontrou nenhum interessado. Quem quiser se candidatar a adotá-lo, pode entrar em contato com sua protetora pelo telefone: (14) 3016-8094.
CCZ promove neste sábado mais uma feira de adoção
Cerca de 100 animais estão disponíveis, neste sábado (07), das 9h às 16h, na Feira de Adoção no Centro de Controle de Zoonoses (rua Henrique Hunzicker, quadra 2, Jardim Redentor). São 48 cães e 50 gatos.
Os interessados deverão comparecer ao órgão, munidos de RG, CPF e comprovante de residência. Os animais disponíveis para adoção foram recolhidos por se encontrarem em situação de abandono, tendo sido vítimas de maus tratos, perdidos ou por outros motivos.
Os pets passam por avaliação clínica, analisando as condições de saúde para serem liberados para adoção. Entretanto, os responsáveis pelo serviço alertam aos interessados, que antes de decidirem pela adoção de um desses animais tomem conhecimento dos cuidados exigidos tais como, higiene, saúde e disponibilidade para cuidá-lo e dispensar a devida atenção.
De acordo com a coordenação do Centro de Controle de Zoonoses, só em 2012, até o mês de junho, 540 animais foram adotados.