Cães são mortos após cirurgia em faculdade de veterinária
Alunos relataram à reportagem o sacrifício de dez animais saudáveis após retirada dos baços
Alunos do curso de medicina veterinária da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, denunciaram à reportagem de O TEMPO o sacrifício de dez cães saudáveis, na semana passada, após uma disciplina de prática cirúrgica. A chamada vivissecção – processo de dissecar animais vivos para estudo – é repudiada por especialistas e conselhos de veterinária.
A suposta “matança” teria ocorrido nos dias 9, 10 e 11 de julho, durante aulas da disciplina técnica operatória veterinária, ministrada no sétimo período. A eutanásia dos cães teria ocorrido após a esplenectomia – intervenção cirúrgica para retirada do baço.
A presidente da Sociedade Mineira Protetora dos Animais, a médica veterinária Kênia Fonseca, condenou a iniciativa. “É um absurdo essa prática. Os cães podem sobreviver sem o baço e poderiam ter sido encaminhados para a adoção”, disse. Para ela, a prática cirúrgica não pode ser justificativa para a retirada da vida do animal. “Não podemos pegar um animal na rua e, só porque não tem dono, fazer isso ”.
De acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), sempre que um animal for usado na prática científica ou educacional, é preciso levar em conta se os benefícios obtidos com o uso serão potencialmente maiores que os impactos negativos sobre o bem-estar do animal. Antes do uso, é necessário ponderar também se os objetivos daquele estudo podem ser atingidos sem a utilização dos animais. Caso não seja possível, devem ser analisadas quais espécies e quantidades são apropriadas.
Segundo veterinários ouvidos pela reportagem, hoje, a indicação para as universidades é que os alunos realizem os procedimentos operatórios junto com os professores em animais doentes dos hospitais veterinários. É recomendável o uso de vídeos demonstrativos, modelos computacionais, peças de cadáveres e de materiais que imitam a pele para treino de suturas.
Em caso de descumprimento das diretrizes, as instituições podem sofrer sanções, até seu fechamento. Além disso, o Ministério Público pode propor uma ação civil pública contra a instituição.
“Toda universidade tem que ter uma Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua), que avalia a necessidade de usá-los.”, explicou o chefe do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas, Messias Lobo Júnior.
Em nota, a universidade informou que sua comissão de ética se reunirá em 30 de julho para “analisar as solicitações de uso de animais em suas atividades práticas de ensino”.
Fonte: O Tempo - Publicado neste site em 23/07/2013