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Cães aprendem a pedir o que querem em teclado especial
 
O seu cachorro 'pensa'? As cachorrinhas Sofia e Laila, duas SDR (sem raça definida), estão ajudando a desvendar a 'mente' canina.

Elas levaram em torno de cinco meses para aprender a usar um teclado com símbolos, 'lexigramas', que indicava o que poderiam querer: água, comida, passear e carinho. Tocavam o teclado com o focinho ou com a pata.

'Foi surpreendente', diz o psicólogo César Ades, diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP. 'O cão adquire na domesticação uma teoria da mente humana', afirma.

'Teoria da mente' quer dizer a capacidade de ter uma compreensão do comportamento do outro; isso é o que basicamente significa viver em sociedade. Tudo começou com um artigo de David Premack e Guy Woodruff de 1978: 'Teria o chimpanzé uma teoria da mente?'

A estrela do estudo, a chimpanzé Sarah, ajudou humanos em situações problemáticas, como pegar bananas em locais inacessíveis.

'O comportamento de Sarah é um feito. Implica colocar-se na perspectiva do outro, uma espécie de empatia cognitiva', diz Ades.

'Quando Alexandre Rossi me procurou para fazer mestrado, foi o modelo do chimpanzé que me veio à mente e propus que fizéssemos o mesmo com um cão', disse.

Rossi virou experimentador de Sofia. Laila, mais nova, veio depois.

'Sofia passou por várias fases de treinamento, do básico até a aquisição da discriminação de lexigramas', diz outra aluna de Ades, Carine Savalli Redígolo.

O cão considera o dono um parceiro, para Ades; é algo que nunca acontece com chimpanzés ou com lobos.

'A pesquisa confirma as mais loucas fantasias dos donos de cães! Ela reconhece o dono, segue sinais, tem mecanismos de apego etc.', diz César Ades.


Fonte: Correio do Estado - Publicado neste site em 25/04/2011


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