31.000 anos atrás, enormes geleiras ainda governavam as terras do hemisfério norte. Era a Idade da Pedra. Pessoas vagavam pela Europa já fazendo das suas, como desenvolver a fabricação de armas, pinturas, etc.
Em Goyet Cave, na Bélgica, algumas lembranças dessa época ainda podem ser vistas. Ossos, pilhas de lixo e outros sinais de vida acumulados no fundo da caverna duram até hoje. Há alguns anos, pesquisadores descobriram algo interessante entre esses diversos ossos: o crânio de um cão doméstico, o nosso melhor amigo (Canis familiaris).
Apesar da semelhança com outros crânios de cães, o crânio de Goyet se assemelha também ao de um jovem lobo. Ele tem um focinho mais curto, proporcionalmente mais maxilar inferior e cérebro um pouco menor que o de um lobo adulto. No entanto, a caixa craniana completamente ossificada mostrou que de fato este animal não era um filhote de lobo. Era um cão adulto.
Não se sabe o quão próxima era a relação entre o cão Goyet e as pessoas que viviam ali. Era um companheiro de caça respeitado que dormia nas peles junto com seus mestres? Ou era um animal meio feral, oportunista, que roubava restos de comida, rondando as imediações do acampamento, apenas tolerado pelos humanos porque acordava as pessoas com seus latidos caso os leões das cavernas atacassem durante a noite?
De onde o cão veio originalmente, como e quando foi domesticado ainda são objetos de muita discussão. Praticamente a única coisa que todos concordam é que os cães são descendentes dos lobos (Canis lupus).
O “onde” tem sido sugerido como o Oriente Médio ou a Ásia Oriental. O “quando” varia ainda mais: de 16.000 a mais de 100.000 anos atrás. Algumas provas de DNA sugerem que lobos podem ter sido domesticados várias vezes em diferentes áreas e épocas, para formar a diversidade de cães domésticos. Alguns casos de domesticação podem não ter deixado quaisquer descendentes vivos.
Cães modernos são mais amigáveis, mais curiosos e talvez um pouco menos brilhantes do que seus primos selvagens. Acima de tudo, em pouco tempo evoluíram uma espantosa diversidade de formas e cores. Como tudo isso aconteceu? Talvez surpreendentemente, algumas respostas não podem ser encontradas nos nossos amigos caninos em si, mas sim nas raposas.
Raposas mansas do Sr. Belyaev
Durante a década de 1950, um geneticista russo chamado Dmitry Belyaev começou um experimento histórico. Ele comprou 130 raposas de prata (Vulpes vulpes) a partir fazendas de peles da Sibéria e começou a criá-las. Para cada conjunto nascido na instalação, os pesquisadores realizaram um teste simples. Um humano se aproximava da gaiola, abria e tocava a raposa dentro, enquanto um assistente anotava como ela reagia. Somente os conjuntos mais amigáveis, aqueles que mostraram menos sinais de agressão ou medo, foram então usados para produzir a próxima geração.
Inicialmente, o objetivo do experimento era simplesmente fazer com que a criação de raposas fosse mais viável para as fazendas de peles. No entanto, os resultados foram tão surpreendentes que todo o projeto tomou um novo rumo. Em apenas quatro gerações, o primeiro grupo de “raposas de elite” nasceu. Estes eram animais totalmente domesticados que não demonstravam agressão ou medo dos seres humanos e que competiam por atenção.