Veterinários pedem mais amor aos gatos idosos
Alguns encaram a terceira idade numa boa, mas as mudanças que acontecem nessa fase pedem atenção
CAMILA TURTELLI
Segundo os médicos veterinários, a média da expectativa de vida de um gato doméstico é de 15 a 16 anos. Porém, a vira-lata Grampola desafia essa e muitas outras leis sobre a velhice felina.
A gata está com 18 anos, não costuma frequentar os consultórios veterinários e não apresenta até hoje muitos dos sinais comuns à terceira idade da espécie. “Eu e ela nunca ficamos doente. E ela não tem quase nada de idosa, nem pelos grisalhos eu consigo identificar nela”, diz o artista multimídia Aran Carriel, 34, vocalista da banda Autoboneco e dono da gata.
Aran passou a ser o dono de Grampola quando ela tinha 2 anos. Ela era a gata da vizinha, mas um belo dia resolveu mudar de casa e foi aceita pelos moradores. A gata foi castrada logo nessa época. Seu cardápio não é o mais indicado pelos médicos. “Ela come de tudo e até hoje toma leite”, conta Aran. Durante sua longa vida de gato, Grampola chegou a desaparecer por quase um mês, mas foi encontrada e voltou para casa.
“Mas ela é ranheta e, depois que ficou velha, passou a fazer xixi fora do lugar. Engraçado que, quando faz no box do banheiro, sabe que pode, então, quando tá brava comigo ou enciumada, faz no meu tênis novo, por exemplo”, conta Amanda Rocha, parceira de Aran.
Os sinais/ Para os pesquisadores da área sinais de envelhecimento nos gatos podem surgir a partir dos 7 anos. Aos 12, os gatos precisam de mais cuidados, mas é bom começar a prevenção mais cedo.
“Envelhecimento não é doença. É um processo fisiológico irreversível que faz parte da vida de todo ser vivo. Para que um gato envelheça com saúde, um dos principais fatores é a alimentação adequada. Cada caso é particular, e só o médico-veterinário pode indicar o melhor alimento para as necessidades de cada gato”, explica Sandra Nogueira, veterinária da Royal Canin do Brasil. Alguns sinais podem ser facilmente identificados pelo proprietário, enquanto outros só ficam evidentes para os profissionais com ajuda de exames. “Por isso, é importante fazer check-ups anuais após os sete anos de idade”, recomenda a veterinária.
Gatos em idade avançada podem exigir mais cuidados e atenção, porém, eles têm muito mais carinho e dedicação ao dono para retribuir.
Os gatos idosos têm um charme único. “A vizinhança toda ama a Grampola, todos meio que chegam a compartilhar a guarda dela”, conta Amanda sobre o amor felino.
Conheça os sinais da velhice
Sedentarismo e algumas doenças aparecem nessa fase
Sedentarismo
O desgaste das articulações, consequência natural do envelhecimento, dificulta a mobilidade e os gatos costumam evitar subir escadas e móveis. Ao mesmo tempo, o período de sono e repouso pode aumentar
Problemas renais e gastrointestinais
Gatos idosos, normalmente, ingerem menos água. Este fator, associado ao aumento da necessidade de líquido, aumenta o risco de desidratação e comprometimento da função renal. Além disso, ocorrem alterações gastrointestinais que interferem na capacidade de absorção de nutrientes e na consistência das fezes.
Envelhecimento cerebral
Gatos idosos também podem apresentar sintomas de disfunção cognitiva devido ao envelhecimento cerebral. “A perda de capacidade de reconhecer o ambiente, representada por eventos como urinar fora da caixinha, procurar o comedouro e miar sem justificativa, é um sinal de envelhecimento cerebral”, alerta a médica da Royal Canin Sandra.
Cuidados com a alimentação
O envelhecimento cerebral também causa perdas sensoriais, como de paladar e olfato. Estes fatores, associados ao enfraquecimento e consequente perda dos dentes, pode tornar a alimentação mais difícil.