Algumas das doenças que assustam os humanos quando diagnosticadas, como o câncer, agora têm ficado cada vez mais comuns também em cachorros e gatos, segundo o médico veterinário Cláudio Yudi, do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), no Triângulo Mineiro. Ele afirmou que este aumento é gradativo e tem ocorrido todos os anos. Entre os motivos está não só a longevidade do animal de estimação, mas também a alimentação e os hábitos dos donos.
Maria Aparecida de Oliveira Machado é dona do fox paulistinha, Toquinho. Ele tem cinco anos e mora com a dona em Conceição das Alagoas, no Triângulo Mineiro. Em 2011 ele passou por um tratamento de tumor no nariz, que durou quase quatro meses. “Ele começou espirrando sem parar, depois de quatro dias o nariz sangrou e eu levei no veterinário aqui em Conceição. O médico passou um remédio, mas não adiantou nada e depois de 10 dias a narina do lado esquerdo começou a inchar e um caroço foi crescendo, tampando o nariz, depois aumentou mais ainda e foi fechando o olho. Até corticóide ele usou. Ele ficou sufocado para respirar e eu chorava e chorava. Foi muito difícil”, lembrou.
A dona de Toquinho contou que na época indicaram que ela levasse o bicho de estimação ao Hospital Veterinário de Uberaba e, na primeira consulta, os médicos já detectaram a doença. Eles fizeram exames e preferiram deixá-lo internado. “Eu fui embora e deixei-o para trás. Os médicos fizeram a biopsia e eu mesma mandei-a para Campinas. Depois de quatro dias veio a confirmação que realmente era um tumor. Foi quando os médicos iniciaram o tratamento”, contou.
Toquinho fez 13 sessões de quimioterapia e na primeira aplicação Maria Aparecida já percebeu o resultado. “Eu vi o tumor como se estivesse sumindo e todos ficaram admirados porque a cada sessão melhorava muito. Eu e meu marido o levávamos uma vez por semana para Uberaba, toda terça-feira, onde ele fazia as sessões, além de exame de sangue”, comentou.
Durante o tratamento, o fox paulistinha não sofreu muitos efeitos colaterais. “Ele só ficava mole, meio bobo, com sono e um pouquinho enjoado no dia da sessão, mas no outro dia já estava ótimo. Eu tinha muito medo dele morrer, porque a gente cria amor demais, mas quando começou o tratamento e fui vendo o resultado, eu fiquei tranquila”, destacou.
Hoje, Toquinho está ótimo. “A única coisa é que ele ficou manhoso e quer mais carinho do que nunca, mas ele brinca, corre, alimenta bem, está normal, uma beleza pura. E eu fico emocionada porque é um filinho que a gente tem. Só falta conversar. É uma alegria imensa. Foi maravilhoso e nós fomos muito bem atendidos no Hospital Veterinário”, ressaltou.
Após o tratamento, Maria Aparecida passou a observar mais o cão e ficar atenta a qualquer sintoma que surja. Agora ela leva Toquinho ao veterinário a cada dois meses.
Para explicar o surgimento de uma doença como esta, Cláudio Yudi disse que atualmente os animais estão vivendo mais e, com isso, acabam surgindo mais frequentemente doenças que são comuns ao homem, acometidas pela velhice. E para prevenir, ele alerta que é preciso que o dono sempre fique atento à vacinação, bem como a alimentação. Segundo ele, até o final da década de 90 os cães viviam, em média, de oito a 10 anos e, hoje, passou para cerca de 12 anos.
De acordo com Yudi, o dono precisa dar uma ração comercial, que é nutricionalmente equilibrada, mas também deve ficar atento para não haver excesso. “Por incrível que pareça o que antigamente faltava na alimentação dos animais agora está exagerado. Antes as pessoas tinham o costume de dar fubá cozido, que é conhecido como angu e resto de açougue como muchiba e não davam o principal, que é a proteína e isso acabava influenciando em uma vida menor. Mas agora os cães estão comendo ração em excesso e isso também não é bom”, alertou.
Ainda segundo o veterinário, o uso de substâncias tóxicas, venenos e herbicidas próximos dos cães são fatores que facilitam o aparecimento do câncer. “É preciso também tomar cuidado com o sol por causa do câncer de pele, principalmente em animais brancos, evitar a obesidade e não fumar perto dele, porque está provado que ele acaba sendo um fumante passivo. Além disso, a vacina que evita o cio da cadela, conhecida como anticoncepcional, aumenta o risco de câncer de mama. O ideal é castrá-la. Escovar os dentes deles e praticar atividades físicas é bom também para prevenir”, recomendou.