Fortaleza. Uma experiência de zooterapia para portadores de deficiência visual pode ser vivida nas ruas da Capital. O adestrador Antônio Jaime preparou a sua Golden Retriever, Lila, para passear, como se fosse um cão-guia, de forma voluntária junto ao público-alvo. São poucos Estados no Brasil que possuem cães-guias. A formação oficial para este tipo de trabalho exige certificação internacional. No País, a lei 11.126/2005 e o Decreto-Lei 5.904/2006 versam sobre o assunto. O Projeto Cão-Guia, no Distrito Federal, é pioneiro na iniciativa e já concedeu 39 cães para cegos. Desse total, 29 estão em Brasília, e 12 distribuídos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A Golden Lila tem quase 3 anos e quando fez o primeiro ano de idade, começou a ser treinada. Jaime assistiu a vídeos e leu textos sobre a formação e realizou método próprio de adestramento. Mesmo sabendo que seu animal não tem a formação oficial, diz que seu objetivo é oferecer, voluntariamente, atividades de zooterapia para os cegos. Porém sua meta maior é se qualificar ainda mais na atividade, fazendo um curso internacional na França para o trabalho. Contatos para isto ele já está mantendo.
Durante a reportagem, Jaime demonstrou a capacidade de Lila junto a Janedson Braga, massoterapeuta que perdeu a visão há seis anos, após dois AVCs. Janedson aprendeu a se locomover com bengala após formação no Instituto dos Cegos do Ceará. Já no passeio com a Golden, disse que só teve emoções positivas. 'Não senti medo. Dá uma sensação de liberdade muito boa. A Lila é muito obediente. Pensei que fosse levar muitas topadas, mas não aconteceu', afirmou, após andar acompanhado pelo cão e por Jaime em ruas do bairro Dionísio Torres. Ele passou por diferentes obstáculos, como subir e descer calçadas, atravessar ruas e parar e seguir na faixa de pedestres.
Jaime se coloca à disposição dos interessados para outros passeios com a sua Golden. Além da guia, a cadela traz o cabo condutor, marca principal de um cão-guia. Ele destaca que o animal está capacitado para fazer movimentos como desvio de obstáculos terrestres e aéreos, passagem de semáforos, travessia de ruas.