Alexandre é dono do vira-lata Pernê e taxista exclusivo para cães e gatos. (Foto: Pedro Carlos Leite/TV Diário)
Foi numa manhã quente no início de dezembro que, com bastante desconfiança, a cadela Pandora aceitou ir para os braços do motorista José Marcos de Lima. Com um ano e meio de idade, era a primeira vez que a vira-lata ia em um carro estranho para tomar banho na pet shop. “Ele é bem tranquila, boazinha. Geralmente eu levo ela a pé para dar banho, mas dessa vez achei mais prático chamar para vir buscar”, conta a darista Paula Lisboa Barbosa, moradora de um conjunto habitacional no Distrito de Brás Cubas.
Além de buscar os clientes caninos, Lima é dono de uma pet shop no bairro. Ele conta que a ideia de implantar o Táxi Dog veio há um ano. “A gente já tinha a loja e percebeu que todos os pet shops tinham esse serviço. Colocamos também e temos um carro fazendo as viagens. A maior parte dos clientes é de pessoas sem carro ou que tem apenas moto”, conta. O veículo costuma fazer de três a quatro corridas por dia, que custam de R$ 25 a R$ 35. “A gente transporta tanto raças grandes quanto pequenas. Normalmente pedimos para os clientes ligarem um ou dois dias antes para nos programarmos”, continua Lima. Os animais são acondicionados em caixas de transporte em um bagageiro espaçoso.
Transporte público
Além do transporte particular, quem precisa levar seu animal de estimação a algum lugar, mas não tem carro, tem duas alternativas: tentar uma carona ou ir de ônibus.
A Prefeitura afirma que “em Mogi das Cruzes não existe uma legislação específica sobre o tema', mas uma lei municipal que regulamenta o transporte público de forma geral, de 1998, determina que os passageiros podem embarcar com animais domésticos desde que “devidamente acondicionados e em acordo com disposições legais e regulamentos”. Porém, ainda há motoristas que se recusam a transportar os bichos.
Voluntária em uma organização não-governamental dedicada aos animais de rua, Viviane Rodrigues de Paula Souza conta que precisava levar uma gato de Jundiapeba, onde mora, para uma feira de doação de animais no Centro. “Ele estava direitinho dentro da caixa de viagem e eu precisava pegar o ônibus. O motorista parou, mas disse que não carregava animais. Tive que esperar outro ônibus, ele parou e pude viajar”, conta.
Na legislação nacional há a regulamentação que permite a presença de cão guia no transporte público, quando ele estiver auxiliando pessoa com deficiência”.
A CS Brasil, uma das concessionárias do transporte público na cidade, afirma que “o transporte de animais em coletivos é permitido desde que o seu dono o acondicione em caixa de transporte específica para esse fim e devidamente fechada”. A empresa Princesa do Norte, também concessionária do serviço municipal, não respondeu às solicitações do G1.
Projeto de lei
Deve ser apresentado em 2014 um projeto de lei para regulamentar o transporte de animais de pequeno porte nos ônibus circulares mogianos.
A proposta, que está sendo elaborada pela vereadora Karina Perillo, prevê o limite de dois animais por coletivo, sempre em caixas de transporte. 'O principal objetivo é facilitar a vida de protetores e munícipes que moram em bairros afastados e não possuem veículos. Quando acontece algo com os seus animais de estimação, eles ficam sem nenhuma assistência devido à falta de transporte, o que leva seus tutores ao desespero e os animais invariavelmente à morte', comenta.
O projeto chegou a ser apresentado em 2013, mas foi rejeitado. 'O departamento jurídico o considerou inconstitucional, por vício de origem, pois, segundo eles, por regulamentar o transporte coletivo, que é um concessionário, só o prefeito pode tomar esta decisão. Então retiramos o projeto para adequação e iremos agora fazer uma indicação ao prefeito Marco Bertaiolli', conclui Karina.
Fonte:
G1 - Publicado neste site em 29/12/2013