Cães com remelas, problemas à vista?
Secreção nos olhos dos cães pode ser sinal de infecção, inflamação ou alergia
Após uma boa noite de sono, é comum que os cães acordem com o canto dos olhos cheios de uma sujeirinha bem conhecida: a remela. Porém, muitas vezes um vazamento bastante semelhante a ela – mas com complicações à saúde do bichinho – pode passar despercebido pelos donos. Existem casos em que as secreções não são sinais de uma bela noite de sono, mas sim de que há algo mais a ser investigado. Podem ser indícios de uma infecção, alergia ou inflamação nos olhos.
O médico veterinário especializado em oftalmologia canina, João Alfredo Kleiner, do Hospital Veterinário São Bernardo, explica que é preciso apertar o botão de alerta ao menor sinal de sujeira nos olhos do pet. Nem sempre são de pouca importância. “Ela deve ser avaliada o quanto antes. Aparece nos quadros de uveítes (inflamações nos olhos), glaucomas (doença grave causada pelo aumento da pressão intraocular) e traumas, por exemplo”, diz.
E os problemas não se resumem a esses. Existem diversos outros fatores que causam secreções. Desde o atrito da pelagem com o olho do animal à conjuntivite. Não existe exceção à regra: qualquer raça está sujeita. Porém, os problemas acontecem mais frequentemente em poodles, lhasas, cocker spaniels, shih tzus, cane corsos, beagles, rottweilers, pugs, pequineses e sharpeis.
Para algumas dessas raças, pode haver ainda um desdobramento. No casos de pets de pelagem clara – sobretudo das raças poodle, maltês, lhasa apso e bichon frisê –, quando essas secreções acontecem há um extravasamento no canto do olho que gruda nos pelos e na pele. Isso causa uma mancha no animal. “São as chamadas ‘manchas da lágrima’. Elas podem causar infecções e inflamações também nessa região da pele, as dermatites”, diz Kleiner.
Tanto as secreções quanto as manchas de lágrima são mais comuns em dias quentes, afirma a médico veterinário também especialista em oftalmologia canina, Augusto Campos, da clínica veterinária Ossos e Focinhos, de Ponta Grossa. “Esse é o período em que os problemas oculares mais atingem os cães. O ar seco é ambiente propício para reações alérgicas e inflamatórias. Deve-se redobrar a atenção em semanas com temperaturas acima de 25° C”, diz.
Visita ao médico
Para resolver o problema, o ideal é levar o pet ao veterinário. “Como há várias razões para esses vazamentos, é preciso saber a causa exata para fazer um diagnóstico adequado”, diz Campos.
Ao dono, cabe estar atento aos sinais. “A melhor dica é: quando perceber qualquer sinal de irritação ocular (vermelhidão), secreções em excesso, dor nos olhos (o cão não consegue abri-los com facilidade) ou perda de visão, deve-se imediatamente procurar ajuda”, diz João Kleiner. “O tratamento rápido e eficaz nas doenças oculares é essencial no sucesso terapêutico e na preservação da visão do pet.”
Saiba mais
Doença ou sujeira?
Nem sempre olhos sujos são sinais de problemas. Muitas vezes indicam apenas a necessidade de limpeza da região. Para diferenciar, o médico veterinário Augusto Campos, da clínica veterinária Ossos e Focinhos, dá dicas. “Geralmente as secreções mais sérias têm um aspecto mais denso, viscoso e cheiro um pouco mais forte. Já as sujeiras (remelas) são parecidas com as dos humanos e aparecem em menor quantidade.”
Quando se tratam de sujeiras, a limpeza deve ser feita para evitar infecções. “O dono pode limpá-la com um algodão molhado em soro fisiológico ou água. O melhor período para fazê-lo é pela manhã. Uma limpeza semanal basta”, diz. Mas se ainda restar dúvida, são os veterinários que devem respondê-la.
“Caso o dono não consiga diferenciar se é uma sujeira ou uma secreção mais séria, o melhor a fazer é levar o pet a uma clínica.”