CLAIRE GUEST, CEO DO MEDOCAL DETECTION DOGS (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Além da precisão que as pesquisas têm mostrado, usar cães para o diagnóstico tem a vantagem de não ser um método não invasivo. Pense, por exemplo, no exame de próstata. Você conhece algum homem que se voluntaria de boa vontade para passar por isso? Pois é, a maioria foge. O problema é que os exames de sangue para esse tipo de câncer são pouco precisos. Agora imagine que, para descobrir a doença, baste entregar uma amostra de urina e esperar o latido de um labrador. Parece menos desagradável.
Apesar do otimismo, Claire não arrisca cravar um período de tempo no qual o diagnóstico canino estará disponível para vários pacientes. “É um campo de estudo muito novo. As coisas começaram devagar, mas estão indo mais rápido agora. Há muito mais evidências sobre o valor dessa técnica”, diz.
Sobre os custos, a pesquisadora afirma que, para executar esse tipo de tarefa, o cachorro precisa de um investimento de cerca de R$ 23 mil por ano. Além dos cuidados que qualquer animal requer, é necessário treiná-lo com um profissional. No caso dos centros de pesquisa, também é preciso manter os médicos responsáveis pelos estudos. “Você precisa de ciência para treinar esses cachorros. Precisa de uma equipe médica e de um treinador especializado”, afirma. Por tudo isso, ela não considera que seja um método muito caro.
Olhando para o futuro, Claire diz que um dos grandes objetivos das pesquisas é motivar novas tecnologias que imitem a natureza. Mais ou menos assim: se ficar comprovado que cachorros são confiáveis para detectar câncer em amostras de urina ou hálito, no caso do câncer de pulmão, outros cientistas podem investigar quais moléculas da pessoa com câncer são responsáveis por deixar esses cheiros específicos e como elas são detectados pelo olfato canino. Uma vez desvendado o mecanismo, podem criar um nariz eletrônico que processe milhares de amostras sem esbarrar em problemas como cansaço ou investimento em treinamento.