A expressão “balaio de gatos” é famosa por uma razão: é difícil controlar um gato e obrigá-lo a fazer algo que ele já não queira fazer.
Mas eles não parecem ter nenhum problema em obrigar seres humanos a fazerem suas vontades, de acordo um relatório publicado na Current Biology que mostra que mesmo biólogos estão preocupados com futuras relações humanos-felinos.
Aparentemente gatunos engenhosos aceleram o enchimento de recipientes de comida enviando um sinal cruzado: um miado urgente combinado com um ronronado que em outra ocasião seria prazeroso. Humanos acham irritante e difícil de ignorer. Não é primeiro de abril nem dezembro, então calibre sua confiança de acordo.
“A incorporação de um choro dentro de um chamado que nós normalmente associamos com contentamento é um meio bastante sutil de incitar uma resposta”, afirma Karen McComb da Universidade de Sussex. “Um ronronado solicitatório é provavelmente mais aceitável aos humanos do que um miado escancarado, que pode fazer com os gatos sejam retirados do quarto.” Ela sugere que essa forma de comunicação felina manda um tipo de mensagem subliminar, que atrai uma sensibilidade inata que os humanos e outros mamíferos tem para detectar deixas relevantes dentro do contexto de nutrir seus rebentos.
McComb afirma que ela foi inspirada pelo seu próprio gato, que constantemente a acorda pela manhã com um ronronado muito insistente. Ela aprendeu conversando com outros donos de gatos que alguns de seus gatos também haviam dominado o mesmo truque manipulativo. Como uma cientista que já havia estudado comunicação vocal em mamíferos, de elefantes a leões, ela decidiu que precisava investigar isso a fundo.
Entretanto, não foi algo tão fácil assim. Os gatos estão perfeitamente dispostos a usar seus choros coercivos em ambientes privados, mas quando estranhos estão por perto, eles tendem a se fechar imediatamente. O grupo da cientista então teve que treinar donos de gatos a gravar os choros de seus próprios gatos.
Em uma série de experimentos com tais gravações, eles descobriram que os humanos julgavam os ronronados gravados enquanto os gatos estavam ativamente buscando comida como mais urgentes e menos prazerosos que aqueles feitos em outros contextos, mesmo que eles mesmos nunca tivessem tido um gato.
“Descobrimos que um fator crucial determina os níveis de urgência e prazer que ronronados recebem era um elemento atípico, em alta frequência – reminiscente de um choro ou miado – incorporado dentro do ronronado naturalmente baixo,” McComb explica. “Participantes humanos em nossos experimentos julgaram os ronronados com altos níveis desse elemento particularmente mais urgente e desagradável.” Quando o grupo re-sintetizou os ronronados gravados para remover o choro incorporado, deixando todo o resto inalterado, os níveis de urgência para aqueles chamados diminuiu significantemente.
McComb afirma que ela accredita que este choro ocorra em um nível menor em um ronronado normal de um gato, “mas achamos que gatos aprendem a exagerar dramaticamente quando isso prova efetivamente gerar uma reposta dos humanos.” Na verdade, nem todos os gatos usam essa forma de ronronado, ela disse, notando que isso parece se desenvolver mais frequentemente em gatos que tem um relacionamento direto com seus donos e não entre aqueles que moram em lares cheios, onde seus ronronados podem passar despercebidos por pessoas mal-treinadas em reconhecê-los.
Nesses casos, ela afirma, gatos parecem achar mais eficiente se ater ao miado tradicional.