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Quem vê a casa ampla, arejada e tranquila de Maria Luíza e João Henrique, em Messejana, não imagina que lá possa haver algo inusitado. Na varanda, um cachorro e dois gatos repousam entre cadeiras dispostas em círculo. Os animais se multiplicam na sala, quartos, cozinha, área de serviço e pátio que fica por trás do terreno. O casal cria mais de 90 gatos e cinco cachorros - a maioria encontrada abandonada na rua.
De acordo com João Henrique, de 71 anos, a iniciativa é da esposa, que começou a adotar felinos em 1980. “Eu ajudo para apoiá-la”. Com 63 anos, Maria Luíza começou a gostar de gatos ainda na infância, estimulada pelo pai. “As pessoas sabem que a gente cria; então, deixam os filhotes aqui. Já deixaram um balde cheio de gatos na nossa porta”, conta João. Em 2010, eram 40 gatos a menos.
A rotina para cuidar dos animais é planejada. João acorda às 4h30min para começar a limpar as casas dos cachorros e gatos. Eles se alimentam três vezes por dia e são soltos em horários diferentes. Os banhos são dados separadamente.
Maria Luíza diz que quase todos os gatos têm nome e “muita história para contar”. Lourão, Dira, Julieta, Neguim, Niro, Harry, Fofinha, Bolinha. A gata Divina ficava na igreja comendo pombos e foi nomeada por um padre. Jadim (uma abreviação de “aleijadinho”) é paraplégico e foi encontrado na porta de casa. E Pepita é considerada “preciosa”. Apareceu com a perna quebrada e é a mais ciumenta.
Segundo Maria, “é uma luta” cuidar de tantos animais. Com problemas cardíacos, já foi alertada pelo médico para não aumentar a criação. A renda mensal da aposentadoria dela e do marido é destinada para comprar ração, areia, jornais usados, cloro e remédios. O filho que mora com eles também ajuda nas despesas. “Precisa ter muito amor, pois é muito dura a missão, mais difícil que cuidar de criança”.
Veterinária
João Henrique diz que o sonho deles é comprar um terreno próximo e contratar alguém para monitorar a criação. O casal também é atento à saúde dos gatos, que são castrados e levados ao veterinário regularmente. Míria Cavalcante, dona do Hospital Veterinário Amadeu Marinho (Hospivam), atende Maria Luíza oito anos, com desconto de 50%.
Em Fortaleza, são realizadas mensalmente feiras de adoção por grupos como a União Protetora dos Animais Carentes (Upac), Grupo de Proteção ao Animal (GPA) e Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção (Apata). A Upac, que já realizou 65 eventos para tirar cães e gatos das ruas, promove uma feira no próximo sábado. Após a adoção, é feito um acompanhamento pessoalmente e por telefone para avaliar se o animal está adaptado ao novo lar.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Casal de aposentados cria mais de 90 gatos e cinco cachorros na casa onde moram, em Messejana. O número de animais quase dobrou em relação ao ano passado, gerando dificuldades em relação a espaço e gastos.
Saiba mais
De acordo com a veterinária Míria Cavalcante, gatos são animais independentes, que necessitam de menos atenção. Devido a isso, são mais fáceis de cuidar em alguns aspectos como higiene e passeios. Ela explica que felinos podem ter doenças urinárias, de pele, gastro-intestinais e gripe. Para evitar esse tipo de problema, é preciso dar remédios para verme e vacinas anuais.
No entanto, quem quiser adotar um felino deve se preocupar em oferecer uma alimentação balanceada, com ração, água e leite.
A visita ao veterinário deve ser feita, pelo menos, uma vez ao ano, para avaliação de saúde e aplicação das vacinas tríplice (combate Rinotraqueíte, Panleucopenia e Calicivirose) e contra raiva. Também é preciso dar o remédio para vermes, evitando infecções intestinais.
O preço médio da aplicação das vacinas varia entre R$ 30 e R$ 45, e da caixa de medicamento é, em média, R$ 25.
Fonte: O Povo - Publicado neste site em 13/12/2011