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Cães terapeutas auxiliam no tratamento de doenças

Cães podem ser voluntários no tratamento de pacientes de unidades de saúde e de atenção psicossocial. Foto: Mariana Fabrício/Esp.DP/D.A Press

Proporcionar melhor qualidade de vida aos pacientes internados em hospitais é o objetivo e o trabalho de qualquer médico, mas também é o ofício de muitos cães do Kennel Club do Estado de Pernambuco. A modalidade de terapia ocupacional conhecida como cinoterapia conta, primordialmente, com a ajuda de cães para o tratamento de doenças, atuando como facilitador e co-terapeuta, auxiliando a movimentação dos pacientes com dificuldades motoras e outras patologias.

A terapeuta ocupacional Andréa Souza conta que a cinoterapia torna o ambiente hospitalar mais humano, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e acompanhantes, além de levar um momento de bem-estar à equipe médica. “A interação, o contato com os animais proporciona aos pacientes uma experiência menos traumática dentro do hospital. Tanto as pessoas que estão internadas como seus acompanhantes e até mesmo a equipe técnica sai um pouco da tensão”, explica.


O trabalho é realizado semanalmente no Centro de Atenção Psicossocial em Pernambuco (CAPS), com pacientes com problemas psicológicos, e no Hospital Barão de Lucena (HBL), na área pediátrica, com a participação de dois ou três cães. A analista Cláudia Cipriano, 33 anos, levou pela primeira vez o Golden Retriever, Justen, de dois anos e oito meses para ser um voluntário no HBL. “A experiência foi incrível e muito emocionante. É muito bom ter um cachorro que possa ajudar as pessoas dessa maneira. Estou encantada e pretendo ir mais vezes”, conta.

A agricultora Joelma Maria Viana, 28 anos, está acompanhado há mais de três anos o tratamento do seu filho internado na UTI do Hospital Barão de Lucena e considera que a terapia é importante para a criança. “É um momento que ela pode sair um pouco da UTI. Ele gosta de animais. É uma terapia importante”, conta Joelma. Acompanhado pela fisioterapeuta respiratória até a sala de espera da pediatria, a criança de quatro anos que está se comunicando apenas com os olhos, responde aos médicos, ao piscar os olhos duas vezes, que estava gostando do contato com os cães.

A troca de carinho e atenção entre o paciente e o animal é considerado o principal benefício do tratamento. A socialização e a interação promovem melhora no estado clínico e podem diminuir sintomas de doenças cardíacas, pressão alta e estresse. “É cientificamente comprovado que ao acariciar um animal, os batimentos cardíacos e o estresse diminuem”, explica a veterinária e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Roseana Diniz.

Para atuar como co-terapeutas os animais precisam ter algumas características específicas para o tipo de tratamento. “O cão deve ser dócil, ter tolerância ao toque, ser bem tratado, cuidado e ter acompanhamento do médico veterinário”, conta a veterinária. Não é necessário ser de uma raça específica, pois a característica principal é seu temperamento, mas é preciso passar por treinamento, tanto o animal, como seu proprietário. O presidente do Kennel Club, Luiz Alexandre Almeida explica que as aulas de adestramento são gratuitas e qualquer pessoa pode participar. “Todos os sábados oferecemos aula de adestramento gratuitas e selecionamos os cães que tenham as características necessárias”, explica.


Exemplo - Bruce, um Golden Retriever de três anos e meio é voluntário e auxilia no tratamento dos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial em Pernambuco (CAPS), do bairro e Boa Viagem e no Hospital Barão de Lucena. Há três anos ele foi escolhido pelos instrutores do Kennel Club de Pernambuco para ser um cão terapeuta. Mas em abril deste ano seu trabalho teve que ser interrompido quando, por causa de um problema na coluna, ficou paraplégico.

A alternativa encontrada pela professora Poliana Souza, 34, e pelo vendedor Filipe Coimbra, 41 anos, proprietários do cachorro, foi recorrer às redes sociais para comover as pessoas com a história do Bruce. Através de um vídeo que publicou na internet (S.O.S Bruce), o casal conseguiu arrecadar recursos para o tratamento do cão, que precisou passar por duas cirurgias e várias sessões de fisioterapia para conseguir voltar a andar.

Seis meses após o tratamento, Bruce ainda precisa tomar antibióticos diariamente e passar por sessões semanais de fisioterapia e acupuntura. “Graças às doações conseguimos manter o tratamento dele até hoje. Ainda gastamos mais de R$ 2.000 com consultas, sessões e remédios”, conta Poliana. Diariamente o casal posta na página que criaram para o cão no Facebook, sua rotina de tratamento. A campanha S.O.S Bruce tem mais de 1.200 colaboradores do Brasil e exterior.

Bruce passou por uma cirurgia e ficou sem atuar como voluntário, mas já retomou suas atividades. Foto: Mariana Fabrício/Esp.DP/D.A Press
Bruce passou por uma cirurgia e ficou sem atuar como voluntário, mas já retomou suas atividades. Foto: Mariana Fabrício/Esp.DP/D.A Press

Mesmo ainda se recuperando, o Golden já voltou ao seu ofício de cão terapeuta. “Ele é um heroi”, diz sua proprietária emocionada. A vontade de ajudar o próximo e a recuperação de Bruce também serviram de exemplo para os pacientes que o cão ajuda a tratar. “Essa história demonstra a força e coragem que ele teve em se recuperar e que nós também precisamos ter em nosso tratamento. Ele é um exemplo de força”, diz um dois pacientes do CAPS.

Fonte: Pernambuco.com - Publicado neste site em 30/11/2012


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