Com os índices de dengue em queda, a saúde pública volta os olhos para outra doença: a leishmaniose. A preocupação tem motivo. Apenas no primeiro semestre desse ano, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) sacrificou 1.875 cães em Três Lagoas.
Desses, estima-se que pelo menos 95% estava contaminado pela doença – o cão é o principal incubador do vírus da leishmaniose. Além disso, os dados mostram que a doença tem registrado aumento. No primeiro trimestre do ano, a média era de 240 eutanásias ao mês, sendo que 225 delas motivadas pela leishmaniose (95% do total). Mas, na atualidade, segundo dados divulgados ontem pela centro de zoonoses, média mensal tem sido de 300 eutanásias/mês.
Mesmo assim, a diretora de Vigilância e Saneamento, Neide Hiroko Yuki, aponta redução em comparação ao ano passado. Em 2012, a média mensal de sacrifícios realizados pelo CCZ era de 350. “A média mensal reduziu, mas os índices ainda são elevados. É importante lembrar que nem todas as eutanásias são em decorrência da leishmaniose, temos outras doenças também como a cinomose e a parvovirose, entre outras”, disse.
Além das eutanásias feitas pela equipe, o CCZ também recebeu 174 animais sacrificados em clínicas particulares, que equivalem a uma média de 30 casos ao mês.
Os dados do CCZ apontam ainda que, no mesmo período, foram realizados 896 exames de rotina para detectar a leishmaniose – média de 150 ao mês. A diferença entre número de exames e de eutanásias deve-se aos casos (já explicados) de outras doenças, e também aqueles em que o cão já está em estágio avançado da leishmaniose.
CAMPANHA
Nessa semana, Três Lagoas participou da Campanha de Mobilização Nacional contra a Leishmaniose. A ação, promovida pelo Ministério da Saúde encerra-se hoje, foi coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde e envolveu agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e educação em saúde e servidores do CCZ.
“Na verdade, essa ação não é muito diferente daquilo que já desenvolvemos durante todo o ano. Acontece que, passado o período preocupante da dengue, passamos a voltar os olhos para a leishmaniose”, disse Neide.
A diretora informou que, embora finalizada hoje, a realização de palestras deverá se estender nas escolas do município. Também, está prevista para o dia 2 de setembro uma audiência pública para discutir a doença. O evento, destinado a veterinários, mas aberto a todos os interessados, contará com palestras promovidas pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária. Um dos assuntos a serem discutidos é o tratamento dos animais contaminados.
No mesmo dia, será iniciado o trabalho de borrifação no combate ao vetor da leishmaniose visceral. O primeiro ciclo atenderá aos bairros Nossa Senhora Aparecida, Vila Piloto, Paranapungá, São Carlos, Vila Haro e Jardim Maristela.
CASOS HUMANOS
A ação visa manter controlado o índice de casos de leishmaniose em humanos. Neste ano, a Secretaria Municipal de Saúde registrou dois anos de leishmaniose tegumentar (cujos sintomas são feridas pelo corpo) e três do tipo visceral, forma mais grave da doença. Neste caso, um paciente morreu.
“A leishmaniose tegumentar é pouco comum em Três Lagoas. No ano passado, por exemplo, não registramos nenhum caso. Enquanto que neste, foram dois. Mas, mesmo com eles, os índices reduziram em comparação a 2012”.
No ano passado, a cidade registrou sete casos de leishmaniose visceral. Desses, um paciente morreu.