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O pastor holandês Antrax não esconde sua felicidade em circular de sapatos. Trotando como um cavalo, ele corre de um lado para o outro, na sede do Comando de Operações Especiais (COE), em Ramos, testando pela primeira vez as botinhas francesas, feitas para proteger as patas de cachorros-policiais. A cena é mais uma vivenciada pelos policiais do Batalhão de Operações com Cães (BAC) da Polícia Militar (PM), que vêm praticando, há quase duas semanas, um intercâmbio de experiências com a Raid, unidade especializada em operações com cães da Polícia Nacional da França.
No Rio especialmente para o treinamento, policiais do Raid ( Recherche, Assistance, Intervention, Dissuasion) têm mantido uma rotina de palestras, estudos de casos e treinamentos práticos com os homens do BAC. Os temas abordados são faro de explosivos e intervenção tática com o emprego de cães. Para os franceses, é uma bela oportunidade de conhecer as operações com tomada de reféns, uma das especialidades do BAC. Por sua vez, a unidade da PM do Rio aproveita os conhecimentos técnicos dos franceses em busca e identificação de explosivos, de olho especialmente nos próximos eventos internacionais que acontecerão na cidade.
- É interessante para a gente adaptar as técnicas e os conhecimentos de busca de explosivos para a nossa realidade. Os franceses têm muita experiência com isso, por conta das ameaças terroristas na Europa e em países nos quais eles atuam, como o Afeganistão – explicou o major Vitor Valle, subcomandante do BAC e coordenador da cooperação que, segundo ele, já ocorre desde 2009.
A primeira semana de treinamento girou em torno da manipulação de substâncias pelas duas polícias e das técnicas de busca de explosivos. Já a segunda, que será concluída no próximo sábado, aborda desde a construção da mordida para neutralizar um criminoso até as fases de uma busca por criminosos com reféns. Os policiais franceses Benoit e Olivier, que não podem ser identificados por questões de segurança, elogiam a equipe do BAC, que classificam como motivada e orgulhosa de sua especialidade.
- Os policiais do BAC têm uma grande capacidade de trabalhar com os animais e compreendem bem que eles são uma ferramenta de trabalho. Eles fazem trabalhos longos com cães, às vezes por dez horas seguidas, o que exige muito preparo físico. Isso tudo e mais o trabalho numa região de topografia difícil (como as favelas) e com condições climáticas mais complicadas (calor) são desafios para nós, estamos aprendendo muito – afirmou Benoit.
Com 69 cães, o BAC pretende aumentar o plantel de animais para 160, até 2014, quando a unidade já funcionará definitivamente na sede do COE. As raças usadas são pastor belga de Malinois, pastor holandês, labrador, pastor alemão e rotweiller. Mas a ideia é passar a importar da França os pastores belgas de Malinois, que seriam, segundo o major Vitor, os melhores do mundo para as operações. Primeiro lugar na categoria “unidades especializadas” da premiação do Sistema Integrado de Metas e Acompanhamento de Resultados (SIM), da Secretaria de Segurança, o BAC apreendeu 936 quilos de drogas em 2011 e, só em 2012, já recolheu mais de 1,5 tonelada. A apreensão de entorpecentes é uma das especialidades da unidade.