Após 32 anos, mãe é inocentada de morte de bebê arrastado por cão
Sob o olhar do ex-marido Michael Chamberlain (esq.), Lindy Chamberlain-Creighton (dir.) exibe a certidão de óbito de sua filha.
A Justiça australiana pôs fim, nesta terça-feira, aos 32 anos de mistério do desaparecimento e morte de um bebê: uma médica legista determinou que Azaria Chamberlain não foi morto por sua mãe em 1980, e sim levado por um cão selvagem.
A mãe de Azaria havia sido condenada à prisão perpétua pela morte do filho em 1982, e seu marido foi considerado cúmplice. Mas a condenação foi revogada três anos depois, quando foram encontrados restos da roupa do bebê em uma área repleta de dingos, os cães selvagens australianos. Outro inquérito a respeito do caso, em 1995, teve um veredicto inconclusivo.
Os pais da criança, Lindy Chamberlain-Creighton e Michael Chamberlain, sempre disseram que Azaria, então com nove meses, havia sido levada por um dingo, enquanto acampavam no deserto.
No início, grande parte da opinião pública duvidou que um dingo tivesse força para carregar o bebê, e o casal Chamberlain - atualmente divorciado - foi alvo de represálias. O caso comoveu a Austrália ao longo de três décadas e serviu de inspiração para o filme Um Grito no Escuro, de 1988, com Meryl Streep e Sam Neill.
Fim da 'saga'
Na época do desaparecimento de Azaria, nenhum ataque de dingo havia sido documentado no país. Mas recentemente os cães selvagens foram considerados culpados pela morte de outras três crianças, e registros desses casos foram apresentados por Lindy Chamberlain-Creighton para atestar sua inocência.
O inquérito mais recente foi reaberto em fevereiro passado. Agora, a Justiça responsabilizou oficialmente o cão selvagem pelo desaparecimento do bebê.
A médica legista Elizabeth Morris disse que um atestado final de óbito ficará disponível para os pais. Ela também ofereceu sua 'sincera solidariedade' pela morte de Azaria. 'O tempo não tira a dor e a tristeza pela morte de um filho', declarou.
'Estamos aliviados e felizes de chegar ao fim desta saga', disse Lindy Chamberlain-Creighton à imprensa, ao deixar a corte. 'A Austrália não poderá mais dizer que dingos não são perigosos.'