Desde cedo têm o seu menor porte como vantagem e, à semelhança dos cães, são animais sociais e capazes de estabelecer laços de afetividade com os seus tutores.
Os gatos teriam sido domesticados muito depois dos cães e uma das possíveis razões prende-se com o facto destes animais terem uma grande amplitude de sociabilização, muito maior do que a dos cães, o que pode ter dificultado a sua domesticação. E não deixa de ser curioso o fato de muitos autores defenderem que, na verdade, os gatos ainda não estão inteiramente domesticados…
Ainda assim, a prova de coabitação mais antiga entre o ser humano e os gatos remonta já há 9500 anos (numa sepultura conjunta com um ser humano e com um gato) na ilha de Chipre, muito antes da civilização do Antigo Egicio, onde estes eram considerados sagrados. E mesmo na Idade Média em que eram demonizados por associação a bruxarias, a verdade é que ainda assim foram revalorizados enquanto caçadores dos roedores que veiculavam a Peste. Nos dias de hoje, vivem, por fim, e na sua maioria, inseridos em famílias e são mesmo considerados por alguns investigadores os melhores animais a serem adotados por idosos.
Desde logo têm o seu menor porte como vantagem e, à semelhança dos cães, são animais sociais e capazes de estabelecer laços de afetividade com os seus tutores. Mesmo que neles predomine a sua autonomia e sejam menos dependentes do que os cães, na verdade é também por essa sua capacidade que o gato é por excelência o animal de companhia das pessoas idosas. Por outro lado, são considerados uma potencial fonte de companhia sobretudo para pessoas que vivem sós, situação que é muito comum na população idosa. Os gatos são também mais calmos e tranquilos sobretudo se não forem muito jovens, pois estes além de requerem cuidados adicionais e uma atenção redobrada, podem morder e arranhar, mesmo que em contexto de brincadeiras: os idosos, nesta fase têm a pele muito fina e sensível além de poderem apresentar varizes nas pernas ou nos braços. Por isso, tende-se a recomendar para os idosos a adoção e convívio com animais acima de um ano e que tenham algum adestramento básico para essa convivência.
Mas para que esta inter-relação seja mutuamente benéfica, há que assegurar o cumprimento de algumas condições prévias, como o destemor pelos gatos e o temperamento do animal que se requer amistoso, e que não sejam demasiado enérgicos pois poderiam tornar-se demasiado exigentes quanto a cuidados diários para estas pessoas.
Há ainda outros aspectos a equacionar nesta população particular, que são os idosos, para uma melhor sociabilização com os gatos. Estas pessoas, muitas vezes com um historial de perdas ao longo da vida, podem desenvolver ansiedade quanto ao cuidado com o animal após a sua própria morte, o que os leva, cada vez mais, a apadrinhar o gato por alguém de confiança. Por outro lado, a perda do animal também pode gerar ansiedade ou depressão nestas pessoas, muitas vezes já fragilizadas, pelo que este pormenor não pode ser descurado nos processos de adoção de animais pelos idosos. E há ainda a questão das alergias ou zoonoses, pois mesmo sendo um animal vacinado, pode haver o risco de transmissão de alguma doença a esta população, cuja vulnerabilidade e imunidade é muito mais baixa.
Mas facto é que os gatos começaram a ganhar cada vez espaço na coabitação com a população idosa, particularmente nos que vivem sós, que chegam mesmo a considerá-los membros da família. A esta sociabilização crescente não é alheio também o facto da situação sócio-econômica destes tutores se situar tendencialmente nas classes mais baixas e o facto deste animal não comportar grandes custos comparativamente a outras espécies, como os cães. Mais um aspecto a contribuir para a crença de que “os gatos são melhores para os idosos”.